quinta-feira, 22 de maio de 2008

Celebração

Quando somos crianças o tempo passar mais devagar, sem muitas responsabilidades, e queremos logo crescer para poder subir em árvores maiores, consideradas até então proibidas.

E quando começamos a crescer de verdade, percebemos que o mundo começa a exigir de nós uma série de coisas que a sociedade dita como importantes. E aprendemos que tudo o que estudamos até agora não nos preparou para nada, e que temos que começar a trabalhar e ganhar dinheiro. Sim, vivendo neste mundo capitalista, precisamos disso.

E passamos a sacrificar nosso tempo para agradar outras pessoas, fazendo com que nosso patrão fique ainda mais rico, na esperança de sermos reconhecidos. Mas jamais seremos. Então compreendemos que o importante no trabalho – como tudo na vida – é estarmos nos sentindo felizes.

E assim que começamos a crescer, dentro de nós algo também muda. Começamos a olhar o próximo com um sentimento diferente. E nos apaixonamos pela primeira vez, de uma forma tão intensa, que muitas vezes deixam marcas profundas. E conhecemos o amor, a face mais linda de cada ser humano. Mas às vezes também nos decepcionamos.

E porque nos decepcionamos? Porque idealizamos na pessoa amada o ideal de toda uma vida, mas, muitas vezes, sem conhecê-la verdadeiramente, ou pensando que conhecemos. E se as coisas não andam como prevíamos, choramos. Será que a pessoa merecia nossas lágrimas? Será que alguém merece? Aprendemos a esconder cicatrizes e a curar feridas. Às vezes as pessoas nos perguntam por que não sorrimos nas fotos, ou porque somos tão alegres assim. Cada um sabe o seu sofrimento e a sua dor.

E desta mesma forma, cada um conhece suas próprias alegrias. E passamos a buscar a emoção nas coisas, compreendendo que tudo precisa ser encantador e especial, pois a vida é curta demais. E com emoção, uma música, um olhar, um sorriso, um abraço, um amigo distante que nos visita, um pôr-do-sol nunca antes visto, tudo se torna mágico, dando um novo sentido à vida.

Tudo isso faz parte do processo de auto-conhecimento.

E mesmo na dor, aprendemos a celebrar estes momentos, porque em tempos tão difíceis, eles podem ser únicos. Sim, devemos celebrar cada dia, cada manhã, cada amizade, cada coração que se aproxima de nós deixando algo. Devemos celebrar a nós mesmos, olhar no espelho e dizer “eu sou lindo(a)”, cuidar do corpo e da mente, sentir-se realmente único(a), exclusivo(a) e belo(a).

Devemos celebrar cada novo ano, cada aniversário, mesmo que no passado isso não tenha sido possível por diversas outras situações. E nesta celebração, estarão contigo todos aqueles que lhe querem bem, sejam presentes, seja num telefonema ou e-mail. Cada um deixará uma mensagem diferente, individual.

O seu presente é hoje. O dia atual. A data atual.
Tudo o que aconteceu foi para te fortalecer.
A cada passa, crie seu novo futuro.
Busque seus sonhos.
Celebre!

E se preferir, aproveite que cresceu e suba numa árvore, mas não numa árvore qualquer. Suba naquela em que na sua infância era considerada a maior. Ela não era um grande problema? Agora não é mais. E por quê? Porque você cresceu e tornou-se maior do que tudo isso. Superar as dificuldades só depende de você!

sábado, 10 de maio de 2008

O Perdão



Perdoe-me meu coração
por todas as vezes em que não tive coragem de agir
por todas as vezes em que fechei meus olhos
por todas as vezes em que tentei fugir

Perdoe-me
por todas as vezes em que me esqueci
de coisas que eram realmente importantes
e que não poderiam ser deixadas para um outro dia

Perdoe-me
por todas as vezes em que eu deveria falar e me calei
e por todas as vezes em que falei
mesmo sabendo que o silêncio
era o que eu tinha de melhor a oferecer

Perdoe-me
por ter cometido tantos erros nesta vida
e por todos os erros que ainda vou cometer
por todas as batalhas que lutei
mesmo sabendo que iria perder
por todas as lágrimas que derramei
mesmo sabendo que ninguém as merecia

Perdoe-me meu coração
e me dê forças para mais um dia
para ver novas imagens
permita-me ser mais crítico
menos temeroso
mais forte
menos cauteloso
permita-me poder fazer
ao invés de apenas assistir
permita-me viver
tudo aquilo o que ainda não vivi.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O vôo das borboletas

Estampada nas costas, as borboletas pintadas na pele surgem como um presente, definitivamente, marcante. As três, unidas, formam um rastro de carinho a ser seguido por quem as admira, e por quem admira a mulher que agora as carrega em seu corpo.

A tatuagem, ou as borboletas, servem como um símbolo para estampar a liberdade que se pretende alcançar, voando plenamente livre quando se deseja, ou estando momentaneamente presa quando se queira.

As borboletas, por si só, são um exemplo da mudança onde, um dia, podem ter sido lagartas. E então, um belo dia, a pequena lagarta fecha-se num casulo, passa por período de solidão, de purificação e de transformação, para logo depois surgir totalmente diferente, como um novo ser, pensando numa nova vida, em novas possibilidades, em outras oportunidades.

E nessa nova vida, a borboleta quer viver o que ainda não se viveu. Talvez pense até em amar intensamente, em explorar com mais emoção cada momento, a cada nova batida de suas asas que agora a levam para onde quiser.

As borboletas e as princesas dos contos de fadas são parecidas em sua essência pura e na fragilidade de sua existência. Elas tem em sí um desejo profundo de serem felizes. E é isso o que buscam, como nós, seres humanos ditos normais.

Assim são as borboletas. Assim são as mulheres.

Assim é você, Katia, minha princesa.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Eros e Psique

Para os antigos gregos, Eros significava Amor. E o nascimento deste deus foi resultado da improvável união de forças tão antagônicas como Afrodite, a deusa do amor, e Ares, o deus da guerra.

Eros pairava sobre o mundo com suas asas e armado de arco e flechas encantadas, e sempre que disparava suas setas certeiras, tinha o intuito de incutir no alvo o desejo amoroso incondicional para com outro ser.

Andando sempre acompanhado de sua mãe, eles eram responsáveis por todas as uniões conjugais e todos os casos amorosos entre os deuses, os mortais ou ainda entre as duas raças.
Às vezes Eros era usado por sua mãe como instrumento de vingança contra aqueles que lhe desagradassem. Dessa forma, o deus alado engendrava paixões impossíveis de ser consumadas, propositadamente calculadas para levar o desafortunado à angústia, ao sofrimento e mesmo à morte.

Em determinado caso, Eros foi destinado a punir Psique, uma mortal de rara formosura, cujos encantos desviavam a atenção da humanidade do culto da beleza da própria Afrodite. Ao avistar a vítima, ele perturbou-se de tal forma diante de sua radiante formosura que, inconscientemente, feriu a si mesmo com uma de suas flechas. De imediato, enamorou-se perdidamente por ela, recusando-se a efetivar o castigo proposto por sua mãe.

Eros tratou de colocar a jovem Psique sob sua proteção, levando-a, sem revelar, para morar em seu palácio encantado, impondo a ela a condição de seu anonimato e, valendo-se da escuridão da noite, permanecia oculto, cobrindo-a de carinhos amorosos e deixando à sua disposição tudo o que pudesse desejar.

Dessa forma, ele pretendia conquistá-la pelo amor que dedicava a ela e não pelo que era: um deus belo e de atributos cobiçados por todos.

Psique, no entanto, corroída pela curiosidade e pelas suspeitas sobre a verdadeira identidade do amante, decidiu vislumbrar sua face na escuridão, aproximando-se sorrateiramente com uma lamparina. No entanto, Eros percebeu sua aproximação e, desapontado, decidiu abandonar a jovem para sempre. Fazendo isso, o deus deixava clara a mensagem de que o amor não vive sem confiança.

Arrependida pelo ato que a fizera perder o maior amor que poderia desejar em seus sonhos, Psique correu o mundo submetendo-se às mais difíceis provações, sempre na esperança de se redimir perante o amor perdido.

Compadecendo-se da jovem amada, Eros voltou a desposá-la e tornou-a também imortal, para que os dois pudessem viver eternamente como divindades. Dessa união nasceu Volúpia, a deusa do prazer intenso.

A humanidade tiraria dessa história a lição de que só o amor (Eros) consegue tornar a alma (Psique) feliz, e que ela é capaz de enfrentar todos os obstáculos para reencontrá-lo se ele for perdido.

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