Para os antigos gregos, Eros significava Amor. E o nascimento deste deus foi resultado da improvável união de forças tão antagônicas como Afrodite, a deusa do amor, e Ares, o deus da guerra.
Eros pairava sobre o mundo com suas asas e armado de arco e flechas encantadas, e sempre que disparava suas setas certeiras, tinha o intuito de incutir no alvo o desejo amoroso incondicional para com outro ser.
Andando sempre acompanhado de sua mãe, eles eram responsáveis por todas as uniões conjugais e todos os casos amorosos entre os deuses, os mortais ou ainda entre as duas raças.
Às vezes Eros era usado por sua mãe como instrumento de vingança contra aqueles que lhe desagradassem. Dessa forma, o deus alado engendrava paixões impossíveis de ser consumadas, propositadamente calculadas para levar o desafortunado à angústia, ao sofrimento e mesmo à morte.
Em determinado caso, Eros foi destinado a punir Psique, uma mortal de rara formosura, cujos encantos desviavam a atenção da humanidade do culto da beleza da própria Afrodite. Ao avistar a vítima, ele perturbou-se de tal forma diante de sua radiante formosura que, inconscientemente, feriu a si mesmo com uma de suas flechas. De imediato, enamorou-se perdidamente por ela, recusando-se a efetivar o castigo proposto por sua mãe.
Eros tratou de colocar a jovem Psique sob sua proteção, levando-a, sem revelar, para morar em seu palácio encantado, impondo a ela a condição de seu anonimato e, valendo-se da escuridão da noite, permanecia oculto, cobrindo-a de carinhos amorosos e deixando à sua disposição tudo o que pudesse desejar.
Dessa forma, ele pretendia conquistá-la pelo amor que dedicava a ela e não pelo que era: um deus belo e de atributos cobiçados por todos.
Psique, no entanto, corroída pela curiosidade e pelas suspeitas sobre a verdadeira identidade do amante, decidiu vislumbrar sua face na escuridão, aproximando-se sorrateiramente com uma lamparina. No entanto, Eros percebeu sua aproximação e, desapontado, decidiu abandonar a jovem para sempre. Fazendo isso, o deus deixava clara a mensagem de que o amor não vive sem confiança.
Arrependida pelo ato que a fizera perder o maior amor que poderia desejar em seus sonhos, Psique correu o mundo submetendo-se às mais difíceis provações, sempre na esperança de se redimir perante o amor perdido.
Compadecendo-se da jovem amada, Eros voltou a desposá-la e tornou-a também imortal, para que os dois pudessem viver eternamente como divindades. Dessa união nasceu Volúpia, a deusa do prazer intenso.
A humanidade tiraria dessa história a lição de que só o amor (Eros) consegue tornar a alma (Psique) feliz, e que ela é capaz de enfrentar todos os obstáculos para reencontrá-lo se ele for perdido.
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