domingo, 27 de abril de 2008

As três gerações


Às vezes fico observando as pessoas, como aquela criança que agora corre numa praça em direção ao escorrega. Em poucos anos, ela será um adulto e todos esses momentos serão apenas lembranças. Junto com ela, um senhor já idoso, que aparenta ter mais de setenta anos a acompanha com o olhar cansado. Talvez ele se recorde neste exato momento de sua infância difícil e trágica. Um pouco mais distante, um homem observa os dois. Cuida da criança como cuida do idoso. Ali, três gerações se encontram e me mostram tempos diferentes em uma mesma praça.

O homem aparenta ter cerca de trinta anos e está ansioso e com um semblante conhecido preocupado. O idoso caminha lentamente como quem já não espera mais muita coisa em seus próprios passos. A criança corre, pula e brinca sem se dar conta do que se passa ao redor.

O homem preocupa-se e isso toma conta de seus pensamentos, atormentando-o. O idoso quer ir a diante e como não consegue, angustia-se. Já a criança, esta, entre uma brincadeira e outra, olha para os dois e sorri. Naquela praça, ela me parece a única pessoa feliz.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Maleabilidade

Houve um tempo em que eu era como um monte de argila nas mãos de uma criança. Era maleável e me moldava ao menor capricho de pessoas que não eram nem um pouco artistas. Eu era uma espécie de "criança de barro", moldando-me sorrateiramente à procura de mestres e heróis.

Todas as crianças são assim. Os adultos vão nos moldando com o que tem de melhor (ou pior). Cada um dá o melhor de sí. Assim fui crescendo e, heróicamente, conquistando meu espaço. E as asas da liberdade começaram a apontar um rumo. Então, a criança que era moldada com argila pelas mãos errantes de qualquer um, tornou-se como o cobre dos escudos mais rígidos, capaz de quebrar qualquer espada.

E, neste momento, comecei a realizar meus sonhos e fantasias, voando sem limites e sem medo do que um dia afligira a Ícaro. E minhas asas não derreteram, nem minhas pernas cederam ao cansaço, nem minha visão ficou embaçada, nem meus lábios ficaram trêmulos.

Mas talvez você não entenda o que eu quero dizer. Talvez ainda seja de argila, moldando-se a cada ser humano que passa em sua vida, a cada um que diz que te ama e logo depois te deixa. Ainda está preso à idéia de que a felicidade é um estado imaginário.

Mas imagine... e se você estiver errado? E se todos estiverem errados?

Faça hoje um vôo profundo. Estou indo.

Quer vir comigo?

domingo, 20 de abril de 2008

O amor venceu

Há de se ter um dia a mais
para se poder fazer tudo o que sempre quis
há de se ter um sorriso a mais
para se fazer alguém feliz
há quem diga que o amor venceu
há que diga que você e eu nos completamos
há de se ter um carinho a mais
para demonstrar por quem se ama
há de se ter um motivo a mais
para demonstrar esse amor
há quem diga que você e eu nos completamos
como acordes que se formam numa nova canção
há quem diga que o amor venceu
e eu sei pois você está em meu coração
há quem diga que são tudo palavras
há quem diga que é só emoção
mas o seu nome está
gravado em meu coração

terça-feira, 15 de abril de 2008


Às vezes é preciso tocar com os joelhos no fundo de um abismo
e só então olhar para cima e encontrar a redenção.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Carinho


Você pode gostar de diminutivos
pode dar um beijinho
um abracinho
jogar um charminho
fazer um denguinho
brincar de joguinhos
Mas o que tu queres mesmo é um
carinho
ENORME
Pode chamá-lo de benzinho
gatinho
queridinho
lindinho
amorzinho
mas o que tu queres mesmo é um
Amor
MAIOR
destes, sem fronteiras entre a razão e a emoção
destes, que transborda o coração
toma conta dos pensamentos
invade a alma
e faz com que
palavras no diminutivo
tenham significados
maiúsculos e grandiosos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Posso...

eu posso te contar segredos
revelar meus planos
rever os enganos
posso sorrir todo dia
te dizer poesia
mostrar a todos a alegria
posso contar meus passos
imaginar abraços
e beijos todo dia
posso olhar a fotografia
e numa madrugada fria
lembrar quem fui um dia
posso pensar no futuro
fazer novos planos
te contar meus sonhos
e sonhar contigo
e viver contigo
e amar contigo
só não posso
dizer amar sem amor
viver em sobrevida
chegar pensando na despedida
porque não há
mais tempo mais tempo a perder
vida a desperdiçar
sonhos a destroçar
Só há oportunidades e sentimentos
e disso não se pode abrir mão
pois quando fala o coração
tudo ganha nova razão
e só há
vida a viver
amor amar
e um longo caminho
juntos a trilhar

domingo, 6 de abril de 2008

Não me lembro exatamente a data em que o Renato chegou para mim, me estendeu uma folha de papel cheia de garranchos e perguntou:

"Carlos, o que você acha disso?"

Já naquela época eu não bebia, mas estava cansado e meio sonolento, sentado numa mesa de bar observando um monte de gente se entorpecendo. Olhei para o cara que havia conhecido assim que tinha acabado de chegar em Brasília e fiquei em silêncio por alguns segundos.

"Renato, não só é preciso amar as pessoas... o que você acha de como se não houvesse amanhã? Vai passar uma idéia de que tem que ser feito hoje, entende? E ainda poderia incluir no final, porque se você parar pra pensar, na verdade não há. Assim eu acho que terá uma rima melhor."

"Mas rimar com o quê?" - perguntou o Renato colocando a mão no queixo.

"Porra, presta atenção cara! O que você ta fazendo? Não é uma canção? Essa canção é sua ou minha?

E foi assim. Eles ainda bebiam cerveja e eu cansado de tudo aquilo, com sono, pensando no trabalho que teria que fazer no dia seguinte. No outro canto, o Renato, o Trovador Solitário, arriscou um arranjo no violão todo desafinado do cantor do bar, e deixou todo mundo arrepiado com uma música que fala sobre pais e filhos. Até hoje não sei se estavam arrepiados pela canção ou pelo frio que fazia. Acho que pelos dois.

Eu, que já estava morrendo de sono, levantei e fui embora.
Mas antes, falei para um dos bêbados que ali se encontrava:

"É, meu amigo. Certas canções que ouço me caem tão bem, me marcam tanto, que parece até que fui eu quem fiz."

terça-feira, 1 de abril de 2008

Caminhos do Coração

"(...)
Já as pessoas que vão contra tudo e contra todos
e conseguem chegar há algum lugar
estas são, e sempre serão felizes
porque para elas, nenhuma estrada terá fim
nenhuma barreira não poderá ser transposta
tudo será possível
porque elas terão uma arma:
A CONFIANÇA EM SÍ PRÓPRIAS".
Trecho de Caminhos do Coração
Autor: Carlos Eduardo Nunes

Amor em migalhas

Não tolero mais amor em migalhas.
Em matéria de sentimentos, não aceito mais café puro, pão com manteiga ou arroz com feijão.

Quero me servir dos melhores pratos.
Um café da manhã de emoções, com chás, leite, pães maravilhosos, geléias e frutas.
Um almoço de sensações gostosas.
Um jantar de prazeres inimagináveis.


E se não for assim, prefiro passar fome por uns dias até que possa estar de novo em seus braços. Porque não há mais tempo a se perder com amores que não amam, nem com paixões que não ardem.

Não tolero mais amor em migalhas.
Quero me servir de um banquete de emoções extraordinárias.
Quero me servir de você!

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